sexta-feira, 27 de março de 2015

Empanadillas de atún

Esse post é especial para o meu pai, que adora cozinhar e tinha me pedido alguma receita daqui. E provavelmente será um pouco inesperado e estranho, porque quem me conhece sabe que eu sou A negação na cozinha. Conviver com um namorado que cozinha muito bem tem muitas vantagens, é claro, e aprendi um bucado de coisas com ele. Além disso, faço meu almoço todos os dias, então tenho que me virar se não quero comer congelado todos os dias. Até que não me estou saindo tão mal!

Essa receita foi uma "experimentação" sugerida pelo Ignacio, já que é um prato que se come muito por aqui na Galicia. Busquei na internet mais ou menos como fazia, comprei os ingredientes no supermercado embaixo de casa e, pra minha mais completa surpresa, fiz tudo so-zi-nha e ficou uma delícia na primeira tentativa! :D

Então vamos lá, as empanadillas de atún são pasteizinhos assados de atum com molho de tomate, bem famosas na região da Galícia, onde estou morando. É uma delícia e pode ser feito também na versão "empanada", que é tipo um empadão. Eu já fiz as duas versões com a mesma receita do recheio que vou passar aqui embaixo e é bem simples (claro, eu consegui fazer! rs).


A receita rende mais ou menos 30 pasteizinhos ou um empanadão bem caprichado. Para fazer ela eu uso:

  • Meia cebola grande 
  • Meio pimentão verde grande
  • Três tomates médios
  • 160g de atum enlatado (aqui usamos enlatado com azeite, mas acredito que possa ser em óleo também)
  • 300g de molho de tomate
  • Azeite
  • Massa para pastel 

As medidas que uso são essas porque os produtos aqui vem em porções diferentes, então coloquei o valor aproximado para vocês terem ideia. Acredito que usar mais ou menos de alguma coisa não faça muita diferença... até porque não segui exatamente as receitas que vi na internet, o importante é só saber que ingredientes usar e adequá-los ao seu gosto.

Primeiro eu pico a cebola em cubinhos e coloco em uma frigideira com um pouco de azeite em fogo médio. Enquanto isso, vou picando o pimentão também em cubinhos. Deixo a cebola dourar um pouquinho e acrescento o pimentão. Faço o mesmo esquema com o tomate: vou picando enquanto o pimentão cozinha um pouco, depois coloco tudo na frigideira. 

 


Deixo tudo cozinhar uns 5 minutos e, quando o tomate estiver se desfazendo e o pimentão mais suave (1ª foto abaixo), acrescento o atum e deixo esquentar um pouco, uns 3-5 minutos. Em seguida coloco o molho de tomate, mexo bem tudo por mais uns 2-3 minutos e está pronto o recheio.



Ah, o molho de tomate aqui é mais suave, eu diria que até mais doce que o do Brasil. Então talvez seria interessante acrescentar uma pitadinha de açúcar se forem usar o molho de tomate tradicional daí.

Tanto para fazer o empadão quanto os pasteizinhos, compro a massa já pronta. Para o empadão, é só colocar o recheio no meio da massa e fechar, fazendo um buraquinho em forma de cruz no meio, para o vapor do recheio sair. 

Para os pasteizinhos, a massa daqui me pareceu igualzinha à que a gente usa pra fazer pastel frito no Brasil. Coloco uma colher de sopa de recheio na massa, dobro ao meio e ajudo a fechar marcando com um garfo, como sempre vi fazer lá em casa no Brasil. Como o pastel é assado, é bom pincelar um pouco de ovo em cima para deixar ele dourado. Aí é só levar ao forno e retirar quando estiver dourado. 



Estou longe de ser uma Ana Maria Brega pra passar uma receita, mas acho que dá pra ter uma ideia de como fazer, não é mesmo? Aqui a gente come a empanada e os pasteizinhos no jantar ou de aperitivo nos bares, mas é uma ótima opção também pra um lanche da tarde.



Se alguém fizer depois me conta o que achou! :)

Besos,

Sarah

domingo, 15 de março de 2015

Ruínas

Desde que eu cheguei aqui no natal, o fim de semana passado foi um dos primeiros dias em que não morremos de frio por aqui. Fez um solzinho gostoso e as máximas chegaram a 20 graus! Então é claro que aproveitamos pra dar um passeio e exibir nosso bronzeado de inverno que brilha no sol.

Eu sou louca por lugares que tenham centenas de ano, especialmente se tem aquele ar de idade média... então a Europa é o paraíso! E sabendo disso, o Ignacio vive me levando a povoados com torres e casinhas medievais - o que tem em todo canto por aqui :) - e nesse fim de semana de tempo bom, resolveu me levar a umas ruínas de um monastério, que indicaram pra ele no trabalho.

Uma das torres que vimos, me sentindo em Game of Thrones

O monastério que visitamos fica em um vilarejo a uns 20 minutos daqui, ao lado de uma igreja (que tá inteira) e é enorme! A estrutura tá praticamente intacta, mas sem o teto e o piso original. Aliás, não ter piso dá um charme ao lugar, porque com a primavera chegando, tá cheio de florzinhas pela grama que tomou conta de lá. Lindo!




Como a estrutura tá bem inteira, deu pra gente ir entrando no que eram as salas/quartos do monastério e imaginar como seria a vida ali... fiquei pensando que se fosse criança ia amar ir ali brincar, procurar "tesouros" e ficar inventando histórias de coisas que teriam acontecido entre aquelas paredes. Se eu já fazia isso em parquinhos de areia com menos de 10 anos de história, imagina nesse lugar? Expressão não muito bonita, mas ia ficar igual pinto no lixo. Consigo até escutar a minha vó vai falar "você já deve ter morado nessas terras em vidas passadas, filha!" Beijos, vó!




Foi um passeio bem simples e pertinho daqui, mas saí de lá com os olhinhos brilhando. Fico pensando que se eu tivesse crescido por esses lados, talvez teria feito arqueologia... quem sabe quando eu for rica e aposentada não faço isso por hobbie?

Se alguém um dia estiver pela Galicia e quiser visitar, o Monastério do Bon Xesús de Trandeiras (olha o galego aí!) fica em Trandeiras, no concello de Xinzo de Limia.

Besos,

Sarah

terça-feira, 10 de março de 2015

Um sábado em Porto

Morar na fronteira com Portugal tem suas vantagens - sábado da semana passada fomos dar uma passeio em Porto, desses bate-volta que você vai de manhã e volta de noite.

A mãe e o irmão do Ignacio vieram passar o fim de semana aqui e queriam muito aproveitar que estamos a 2h de carro de Porto (ou Oporto, como os espanhóis chamam) para conhecer a cidade. Eu já tinha visitado duas vezes - uma em 2013, durante o intercâmbio; e outra há mais ou menos um mês, quando minha irmã e uma amiga vieram visitar.

Fui de "guia" por um dia e a primeira parada foi a cave Taylor's, uma da várias caves de vinho do porto que tem em Gaia (que fica do outro lado do rio Douro em relação a Porto). Acho que é um programa imperdível: você paga 5€ e tem direito a degustar 3 tipos de vinho do porto e a fazer um tour guiado pelas instalações, em que contam um pouco da história da casa e como é produzido o vinho. Vale muito a pena! E ah, pra quem pode, há a opção de degustar um vinho de 1863, pela bagatela de 100€ a taça.


Degustação de vinho do porto

Passeio pela cave Taylor's



Depois de tomar umas boas taças de vinho do porto - mas nenhuma de 150 anos -, descemos a pé até o rio e almoçamos por lá mesmo. A mãe do Ignacio queria comer bacalhau em algum restaurante que fosse um pouco mais fino e, graças ao Trip Advisor, fomos parar no "Bacalhoeiro". Fica bem na beira do rio, o ambiente é bem bacana, o atendimento é rápido e a comida uma delícia! A especialidade é bacalhau, é claro, mas há outras opções no cardápio também. Pedi o bacalhau a brás e estava uma maravilha! De sobremesa, pêra assada com vinho do porto e amêndoas. Fico com água na boca só de pensar, tudo uma delícia! E no final das contas, literalmente, o preço não saiu tão salgado assim: prato principal, bebida e sobremesa por um pouco menos de 20€ por pessoa.

Satisfeitos com a almoço, passeamos pela beira do rio Douro e cruzamos a ponte D. Luis I, que foi muito admirada pelos engenheiros da família. A verdade é que é bem bonita e passar por ela a pé vale a pena pela vista! De lá, seguimos a pé até a Catedral da Sé, bem no alto da cidade, vimos a estação de trem, que tem umas pinturas lindas nas paredes e no teto, e o McDonalds, que é ponto turístico em Porto. Pode parecer estranho, mas é que ele fica onde era o antigo café Imperial, um daqueles cafés dos anos 30 bem glamurosos, com vitrais e detalhes lindos. Por sorte, a rede de fast food quando se instalou ali e manteve esses detalhes.

Ponte D. Luis I sobre o rio Douro

Catedral da Sé

Catedral da Sé


Seguimos nosso passeio subindo a rua das Carmelitas e paramos para visitar a Livraria Lello e Irmão, considerada uma das mais bonitas do mundo. Está sempre bem cheia e nem sempre pode tirar foto, mas é realmente linda!

A livraria fica bem pertinho da torre dos Clérigos, outro ponto turístico da cidade. Passeamos pela área e, claro, já cansados, fizemos uma última parada para lanchar uma francesinha - prato típico da região, um sanduíche com vários tipos de carne e regado a um molho de tomate picante - em um restaurante que chama "O Mercado". Pelo nome, fica no segundo andar do antigo mercado Ferreira Borges, que agora é sede do restaurante, uma boate e algumas lojas mais cult. O ambiente d'O Mercado é bem diferente e moderno e a comida muito boa, embora demorem um pouco pra servir e não seja a francesinha mais barata da cidade.


Livraria Lello e Irmão



Torre dos Clérigos


Exaustos, mais felizes de passear por Porto, cruzamos o rio de novo e fomos buscar o carro pra fazer a viagem de volta. É um pouco pesado fazer esse bate-volta, mas os espanhóis ficaram bem contentes por conhecer Porto! É uma cidade bem bonita, um pouco pitoresca, ótima para o paladar e não pesa no bolso. Adoramos!

Feliz por Porto


Deu vontade de passear por lá também? :)

Muitos beijos,

Sarah


terça-feira, 3 de março de 2015

Comidas típicas para provar!

A Espanha é uma terra em que se come e bebe muito bem e sem gastar muito. Quando eu estava no Brasil uma das coisas que eu mais sentia falta daqui era da comida e dos vinhos! Pensei então em deixar aqui sugestões de algumas comidas típicas que não podem perder se tiverem a oportunidade de provar!

1. Jamón


Jamón em espanhol significa presunto, mas quem já viu ou comeu sabe que não tem nada a ver com o presunto que conhecemos... é feito com a carne curada das patas traseiras do porco e lembra um pouco o presunto parma. Bom, só lembra um pouco, porque os espanhóis provavelmente vão se sentir ofendidos se fizermos essa comparação! Haha




Ele é servido em fatias fininhas, normalmente com torrada e às vezes também com azeite. Um aperitivo ou sanduíche com jamón são bem baratinhos. É possível também comprar a pata inteira, que custa a partir de 40. No Brasil, já vi vendendo Jamón no mercado central de São Paulo e no Verdemar, pela bagatela de R$30 reais a bandeja ou cerca de R$1000 a pata. Para vocês terem uma ideia, aqui no supermercado essa mesma bandeja custa uns 2€... então não deixem de provar se puderem!

E uma curiosidade: o presunto que a gente come no Brasil se chama jamón york na Espanha. Se quiser pedir o jamón espanhol, é conhecido como jamón ibérico ou jamón serrano.


2. Tortilla de Patatas


A tortilla de patatas é tão tradicional e versátil que aqui se come como café da manhã, almoço, lanche, ou jantar (não no mesmo dia, é claro). Ela nada mais é que um omelete bem gordo recheado com batatas em cubos, frito com bastante azeite de oliva. Parece simples de fazer, mas requer um certo gingado para deixar as batatas no ponto, saber quando colocar os ovos e, principalmente, girar a tortilla na frigideira. 



Também é uma comida bem barata e você pode pedir um "pincho de tortilla", que é a tortilla com um pedaço de torrada, para tomar no café da manhã ou lanchar. No almoço, pode ser um "bocadillo de tortilla de patatas" - um sanduíche de baguete com recheio de tortilla. E no jantar, uma fatia caprichada da tortilla com um pouquinho de pão. Nenhuma dessas refeiçoes sai por mais de 3€, ou seja, é bom pra provar e também para economizar!

A tortilla tradicional é só ovo e batatas, mas é comum encontrar também tortillas que levem, além desses dois ingredientes, cebola, queijo e presunto york e outras coisas.


3. Paella


Meu namorado espanhol sempre ri quando alguém no Brasil pedia pra ele fazer uma paella. A resposta dele: "nunca fiz uma paella na minha vida". Não que ele não saiba cozinhar, pelo contrário, mas é que ele é do norte da Espanha e a paella é uma comida tradicional do sul, especificamente de Valência. É como pedir a um gaúcho que faça pão de queijo, ou a um mineiro que faça vatapá. Até sairia, mas nunca seria a mesma coisa...


A paella tradicional é feita com um arroz caldoso, verduras e frutos do mar, mas também há opções com frango ou vegetariana. Se alguém tiver a chance de ir ao sul da Espanha, não deixem de provar uma por lá! Se não, é possível também comer boas paellas em Madrid ou Barcelona. Deixo a dica de prestarem atenção em como a paella é servida - se vier em uma panelinha escura normalmente serve duas pessoas!



4. Gulas


Essa é uma comida que me deixou muito dividida quando fui provar pela primeira vez... quem já teve alguma aula de parasitologia deve entender porquê. A aparência pode ser um pouco duvidosa, mas o gosto é muito, muito bom. Assim como o kani da comida japonesa imita a carne de caranguejo, as gulas são uma réplica das angulas, filhotes de enguias. São fritas com azeite e alho e ficam uma delícia com camarão e ovos. 


As gulas são uma comida mais de casa, não é tão comum encontrar no menu de um restaurante. Para provarem é só ficar de olho nos bares ou restaurantes de tapas (tema para um próximo post), alguns servem torradas com gulas, é só lembrar da aparência dela aqui em cima.


E aí, deu vontade de provar alguma?

Besos y hasta luego!

Sarah



Créditos das fotos: jamón, tortillapaella e gulas