quinta-feira, 28 de maio de 2015

Agora morando na Noruega! Primeiras impressões de Oslo.

       Vou ficar devendo o post sobre viajar de trem pela Europa porque tenho coisa mais legal pra escrever. É que sábado passado me mudei pra Oslo, capital da Noruega. Acho que nunca pensei que fosse dizer isso, soa chique e legal, não? Enfim, Ignacio foi transferido para trabalhar aqui por seis meses e eu vim atrás, sem reclamar, é claro. E aqui comparto as primeiras impressões que tive da cidade:

Feliz em Oslo, com o Palácio Real ao fundo


1) Oslo é top. 


Quando eu perguntei ao Ignacio como era a cidade (ele veio a Oslo antes de mim), a resposta foi "Oslo es top". E ele tinha razão. Cheguei em Oslo à 0h e, ao entrar no centro, fiquei boquiaberta com a coisa aqui.  Os prédios do centro à noite tem um visual incrível, com uma iluminação e uma arquitetura super diferentes. Parece que a gente tá no futuro, em uma cidade de filme e super desenvolvida! E o resto da cidade é bem agradável, uma gracinha e tem um clima gostoso. É uma capital movimentada, tem muita gente, mas você sente uma paz, sabe? Nada de tromba-tromba, é bem limpa e as pessoas são educadas. Então top é uma palavra ótima pra descrever Oslo! 

Oslo à noite. Foto: John Einar Sandvand


2) Os noruegueses são muito educados.


Fazendo um link com o tópico anterior, ainda não conheci alguém rude por aqui. Qualquer pessoa com quem você fale te vai responder de maneira educada, simpática e bem disposta, independente da resposta. E ah, TODO mundo fala inglês na cidade. Ufa! :)

3) Além de educados, são muito bonitos.


Aqui você sai pela rua e vê muita gente muito bonita. Sabe aquelas loiraças que a gente vê na tv ou na internet? E aqueles homens altos, loiros, dos olhos azuis, super elegantes e com porte de príncipe? Você vê por aqui aos montes. Aqui a gente anda por Oslo e pensa "UAU!" várias vezes, porque ô gente diferente e bonita. Com todo respeito, é claro. ;)

4) A cidade é multicultural.


Apesar de acabar de descrever a imagem típica dos nórdicos, super loiros, olhos azuis e altos, bom, não é a melhor maneira de descrever a população de Oslo. Na verdade, a impressão é que só metade das pessoas são assim. Andando pela rua você uma mistura de culturas e etnias - há os tradicionais nórdicos, é claro, mas vê também muitas mulheres usando o hijab (véu), muito árabe, muito africano, muito indiano. E todo mundo convivendo aparentemente sem problemas. Pelo que me explicaram aqui, apesar da aparência diferente ao estereótipo norueguês, essas pessoas são, em grande maioria, noruegueses legítimos nascidos aqui. Então é comum as pessoas acharem que você é daqui e falarem com você em norueguês, independente da sua aparência, já que qualquer poderia se encaixar com a população local. Viva a pluralidade! 

5) Nunca vi tanto bebê na minha vida!


É sério, acho que a quantidade de carrinhos de bebê em Oslo deve estar igualando a quantidade de carros por aqui. Fizemos uma visita a alguns hospitais (tema para outro post) e na fila de espera você não vê idoso, praticamente só criança. É impressionante! Sinal de que a aposentadoria dos noruegueses está mais que garantida.

6) Oslo é MUITO cara.


Isso eu já sabia e já tinha sido avisada, mas não deixa de bater um desespero ao ver o preço de tudo aqui. Ir ao supermercado? Dá vontade de chorar. Ainda pego um folheto de ofertas para que vocês tenham uma ideia. Oslo faz juz ao título de a cidade mais cara do mundo.
Namorando os barcos de milhões de coroas norueguesas na marina de Oslo


Essas foram as primeiras impressões que tive da cidade. Podem até ser superficiais, afinal estou aqui há menos de uma semana... Mas no mais, estou encantada e tenho a sensação de que aqui se vive muito bem. Vamos ver como vai o andar da coisa... ;)

E aí, deu vontade de conhecer Oslo?

Muchos besos,

Sarah

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Viajando pela Europa - dicas para escolher e economizar com transporte


Levo alguns dias dando dicas à minha mãe de opções de transporte para uma viagem pela Europa. A verdade é que eu tenho uma certa facilidade de encontrar as passagens mais baratas, aprendi muito depois de dois mochilões com pouca grana. Então por que não deixar essas dicas por aqui? Sei de vários amigos e conhecidos que estão planejando viagens assim e que podiam aproveitar alguma coisa. :)



1) Escolha qual tipo de transporte utilizar.


No meu primeiro mochilão eu optei por viajar usando o meio de transporte que fosse mais barato, o que me levou a experimentar viajar de trem, de avião low cost e de ônibus. Já na segunda vez, compramos um dos tradicionais passes de trem e usamos ele em todos os trajetos, exceto a ida e a volta de casa, que fomos de avião. Se eu fosse indicar uma dessas opções, seria a de ser flexível e aproveitar todos os tipos de transporte possíveis. Os passes de trem nem sempre são vantajosos (em breve vou explicar porquê) e usar diferentes tipos de transporte aumenta as opções de conseguir passagens mais baratas, trajetos mais rápidos e melhores horários.

Acho importante também levar em conta, além do preço, as vantagens e desvantagens de cada tipo de transporte. Comecei a escrever sobre isso e estava ficando enorme, então vou colocar aqui nos próximos dias um post separado para cada tipo de transporte para não ficar muito cansativo.


2) Pesquise com antecedência e seja paciente


Quanto maior a antecedência com que você começa a olhar as passagens, maiores as chances de encontrar uma promoção incrível e economizar! Mas isso não quer dizer que você tem que sentar, olhar os preços e já comprar todas as passagens de uma vez. Pesquise. E pesquise um pouco mais. Ainda tá achando caro? Espere um pouco. Já vi passagens caírem pela metade do preço, já vi outras subirem e depois ficarem mais baratas do que eram antes (a Ryanair é mestre em fazer isso). Achou alguma super barata? Compre já!

Ficou confuso? É, é meio complicado e, sinceramente, acho que é uma coisa muito de intuição. Vou tentar resumir: achou uma passagem que pra você parece super barata, compre. Achou uma que o preço não é lá grandes coisas? Espera, porque pode baixar ou você pode encontrar mais opções. Claro que sempre vai haver chances do preço também subir, mas costuma ser pouco a pouco, uma diferença de uns 10 euros que não pesaria tanto. Eu diria que se pode esperar até um mês antes da data da viagem, porque a partir daí a tendência do preço é só subir e muito... daí a importância de fazer tudo com antecedência.


3) Seja flexível com o seu itinerário


Ser flexível com o seu itinerário não quer dizer que você tenha que riscar da sua lista lugares que quer visitar. Seria mais uma coisa de poder alterar a ordem das coisas, sabe? É bem simples, faça uma lista com os lugares que você quer visitar, os ordene mais ou menos pelas distâncias - distâncias menores normalmente significam passagens mais baratas - e vá jogando com as opções de passagem. Quer muito visitar Paris, mas a passagem tá super cara? Troque a ordem das cidades. Ao invés de ir a Paris bem no início, logo depois de conhecer Berlim, veja o preço de visitá-la no final, saindo de Amsterdam; ou de Praga, porque apareceu uma promoção bacana da companhia aérea. E por aí vai. Jogue com a ordem das cidades, veja os preços e faça as contas! É como falavam pra gente na escola, "a ordem dos fatores não altera o produto".


4) Dica extra: economize na hospedagem utilizando o transporte - nível hardcore


Essa dica é pra quem tem orçamento de estudante, ou é mochileiro meeesmo, não vale para a minha mãe, por exemplo, que quer viajar com conforto, rs. Então vamos lá: pense na possibilidade de passar a noite viajando em um trem ou ônibus e dormir por lá. Claro que a gente não dorme muito bem, mas às vezes pode valer o dinheiro economizado em uma noite de hospedagem. Para isso é importante fazer as contas e ver se realmente vale à pena! Eu, por exemplo, não trocaria uma cama por um banco de trem ou ônibus por 5-10 euros, acho que não vale tanto assim. Mas se a economia é de uns 30-40, levaria em conta (orçamento de estudante é assim! haha). E ah, não aconselho dormir duas noites seguidas neste esquema, ou você pode deixar de aproveitar a viagem pelo cansaço. No nosso mochilão de trem dormíamos uma noite no trem, outra em hostel, e foi bem punk. Mas no final a gente sobrevive, curte a experiência e esquece o cansaço!

E aí, gostaram das dicas? A próxima será sobre viajar de trem!

Muchos besos,
Sarah



terça-feira, 28 de abril de 2015

Ruínas II

Já não estamos na Galicia e esse passeio fizemos há pouco mais de um mês, mas acho que vale a pena mostrar um pouquinho sobre ele aqui.

Em outro fim de semana de tempo bom, pegamos o carro e viajamos cerca de uma hora em direção à cidade de Bande. Eu não sabia o que iríamos fazer, o Ignacio disse que era surpresa e que eu ia gostar do que veríamos. No caminho paramos em povoados de casinhas de pedras, típicos galegos, que pareciam parados no tempo. Mas não era isso o principal que iríamos ver, tínhamos que encontrar um lago por ali.

Depois de parar também para almoçar ao chegar na cidade, encontramos por fim o lago, que era muito bonito, mas eu ainda não sabia porque estávamos lá. Passeamos um pouco pela orla e começamos a encontrar umas pedras alinhadas no chão, como se fossem o desenho de uma casa. O Ignacio me perguntou o que eu achava que era e me explicou que estávamos onde foi um acampamento romano do século I, e que ali começavam as várias ruínas que havia ao redor do lago.

Para a minha família: Sue que gosta de azul.
Toda feliz encostada na "parede" do que foi parte do acampamento. Estaria na sala?

Sei que pra maioria vai parecer só um monte de pedra no chão, mas eu estava adorando passear por um lugar onde há quase dois mil anos moravam uns soldados romanos. Acho que o Brasil nem pensava em ser descoberto! O Ignacio também me explicou que bem recentemente encontraram mais ruínas por ali, foram escavando e descobriram o que acham ser a mansão de um dos generais. Achei o máximo, imagina só, depois de anos e toda tecnologia descobrir que ali há mais ruínas a serem descobertas. Deu vontade de pegar uma pá e sair cavando!

Procuramos esses novos achados e acabamos percebendo que estávamos no lugar errado - aquele monte de pedras que tínhamos visto era quase nada comparado com que íamos ver. Veja bem, assim que vimos o lago estacionamos e fomos seguindo a orla à direita. O que não sabíamos era que as ruínas que deram fama ao lugar na verdade estavam à esquerda, a alguns minutos dali. E eu que já estava toda feliz por ter visto aquele bando de pedras, fiquei alucinada, como dizem por aqui, quando vi o que me esperava.


Pelas fotos não dá pra ver bem o tamanho, mas as ruínas são enormes! Tanto que são conhecidas como "A Cidá", que significa cidade em galego. São 3 hectares de ruínas e, quando você chega, o primeiro que vê é a estrutura do que foi o quartel geral, logo alguns barracões da tropa e uma estrutura que acreditam ter sido um hospital. O mais legal é que dá pra entrar e ir passeando por elas, lendo as placas informativas do que era cada estrutura e cômodo e imaginando como seriam as coisas por ali há quase dois mil anos. 


Em uma das entradas do quartel geral
Um dos barracões
Sentada no poço de um dos barracões

Ignacio brincando com o forno, que ainda está inteiro
 
Entrada de um dos barracões


 E o passeio não parou por ali. Seguimos mais um pouco e chegamos a umas termas, que são piscinas de água quente natural deixadas ali por romanos. E havia um pessoal lá tomando um banho quentinho, apesar dos 14-16ºC que fazia do lado de fora! São várias piscinas e algumas banheiras, que na verdade parecem caixões (desculpem a imaginação fértil), utilizadas pelos romanos para tomar banho lado a lado com o amigo (ou amiga? Não sei como funcionava a coisa na época...). Fiquei morrendo de inveja e vontade de estar tomando um banho em piscinas termais de quase dois milênios... E ah, dizem que essas águas tem propriedades curativas.


Uma das piscinas e as banheiras

Não precisa nem falar que adorei o passeio e ainda tenho a intenção de voltar lá para tomar um bom banho na piscina termal dos romanos. E quem sabe não levo uma pá pra sair cavando? O acampamento Aquis Querquennis, nome dado às ruínas, fica em Baños de Bande, a cerca de 50 km ao sul de Ourense.


 
Pra finalizar, vista aérea e simulação de como era o acampamento. Via.



domingo, 19 de abril de 2015

Hasta luego, Verín

Sexta-feira nos despedimos de Verín, depois de 4 meses para mim e 6 para o Ignacio. Passamos por um inverno duro, alguns apertos no apê, um início de primavera que chegou de repente e trouxe muitos passeios legais pela Galícia. Estamos felizes com a mudança, mas vamos sentir saudade de ir várias vezes ao Alén, bar de uma brasileira ao lado de casa tomar uma taça de Crego tinto ou de Fragas blanco, comendo batatinhas e croquetas deliciosas; de comer o melhor hamburguer do mundo por 2 euros no Souto das Candeas, recheado com geleia de tomate e queijo de cabra, divino! E do pulpo a la gallega da Casa do Pulpo, melhor polvo que já provei! Também vou sentir falta de escutar o galego, de passear por ruínas, vilarejos de casinhas de pedra de sabe quantos séculos, de entrar em tabernas com lareira, de ver torres medievais e lagos que parecem cenário de filme.

E claro, do castelo de Monterrei, um dos mais lindos que já vi...

Castelo de Monterrei ao fundo
Verín ao fundo, vista do castelo




Cachoeira que descobrimos em um passeio a pé seguindo o rio Tamega na cidade
Paisagem bucólica que me encantou no primeiro dia em Verín - ovelhas pastando nas muralhas do castelo


Onde passamos a última tarde, despedindo do castelo

Bom, e como se diz por aqui, hasta luego, Verín! Ya nos veremos pronto... 



Obs: Crego & Monaguillo e Fragas são marcas de vinho da denominação Monterrei, produzidos na região que eu morava. Uma delícia! E pronto, em espanhol, significa "em breve".

Muchos besos y hasta pronto,

Sarah

terça-feira, 14 de abril de 2015

Bebidas para provar na Espanha

Tempo bom na Espanha é sinônimo de aproveitar para tomar umas cañas ou um tinto de verano em alguma terraza por aqui. E como estamos nesse clima esses últimos dias, pensei em listar algumas bebidas que eu adoro e sugiro a quem vier na Espanha provar.

E ah, voltando à primeira frase, caña = chopp, terraza são as mesas que os bares e restaurantes colocam ao ar livre (muitas vezes no passeio) e tinto de verano eu já explico aqui embaixo:

1. Tinto de verano


Provei essa bebida por acaso na minha primeira semana na Espanha, vi um pessoal no bar pedindo uma jarra que parecia uma mistura de chopp com vinho e resolvi provar. Uma delícia e super refrescante! Desconfio que seja a bebida que os espanhóis mais bebem no verão, como o próprio nome diz... O tinto de verano na verdade é uma mistura de vinho tinto com água gasosa espanhola, que é mais adocicada, quase um H2OH. Combina com um dia de calor e umas batatinhas. Sugiro pedir uma jarra em algum 100 Montaditos, como na minha foto abaixo.

Tinto de verano


2. Calimocho


Seguindo a linha de misturar vinho com alguma coisa, aparece o calimocho (pronuncia-se calimotcho), a bebida mais popular entre os universitários. O calimocho nada mais é que vinho tinto com coca-cola e também é uma delícia! Minha mãe acha pecado misturar vinho com qualquer coisa, mas o vinho aqui é muito barato - os calimochos são feitos com vinhos de mais ou menos 1€, que não são tão ruins como os mais baratos do Brasil. Tentamos fazer calimocho no Brasil com um sangue de boi da vida de R$6, mas a verdade é que fica bem ruim. Só conseguimos adaptar a bebida com um vinho de R$16, mas aí acho que já não vale a pena... então se estiverem por aqui, podem ir ao supermercado ou alguma vendinha, comprar vinho barato e coca cola e fazer a mistura que costuma ser metade de cada. É uma boa bebida para um esquenta antes de sair à noite!


3. Sangría


Talvez seja uma das bebidas espanholas mais famosas aí no Brasil, mas confesso que não costumo tomar muito aqui, apesar de ser uma delícia. A sangria é uma mistura de vinho tinto, licor de frutas (normalmente de pêssego), algum refrigerante também de frutas e pedacinhos frutas de verdade: pêssego, lima, laranja, maçã, cada pessoa faz de um jeito diferente. É docinha, também muito refrescante e costuma ser servida em formato de poncho ou em jarras grandes. Não deixem de provar!

A primeira sangría que tomei na Espanha, feita em casa por um amigo espanhol

4. Vinhos


Claro que não podiam faltar! A Espanha é um forte (e orgulhoso) produtor de vinhos e a bebida é bem barata por aqui. Ir a um bar e pedir uma taça costuma custar entre 1,50 - 2,50 e pedir uma garrafa em um restaurante normal, entre 5-10. Então vale à pena! Não sou nenhuma expert em vinhos, mas sugiro pedirem uma taça de um Rueda, se gostam de vinho branco, ou de Rioja se preferem o tinto. Ou peçam os dois para provar! ;)


5. Sidra Asturiana


A sidra asturiana é muito diferente da sidra que tomamos no Brasil, confesso que não sou muito fã, mas vale à pena provar. É feita com maçã, bem forte, pouco doce e a maneira que é servida é um espetáculo em si (foto abaixo), já que precisa da força mecânica do impacto da sidra no copo pra romper as partículas de maçã. De acordo com os espanhóis, se não é servida assim, do alto, não fica boa. Muitos bares servem a sidra em uma máquina que faz esse papel e ela também é muito barata - uma garrafa custa uns 2-3

Sidra asturiana. Foto: enjoyasturias


6. Mosto


Para quem não bebe nada alcóolico, sugiro pedir um mosto, que é um suco de uva diferente ao que tomamos no Brasil, utilizado nas etapas iniciais da produção de vinho. Nos bares normalmente servem mosto de uva branca, que tem uma cor dourada, e é o que mais gosto. É bem docinho, combina bem com uns calamares (lula empanada) e costuma ser uma pedida bem baratinha.

Mosto


Ah, acho importante dizer também que uma taça de vinho, uma caña, uma sidra, ou um mosto costumam sair beeeem mais baratos (até metade do preço) que uma coca-cola, por exemplo. Fica então a dica e o incentivo a provar alguma coisa!

Besos com sede,

Sarah

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Semana Santa na Espanha

Confesso que não sei muito sobre as tradições da semana santa (não sou católica), mas aprendi um pouco sobre como são aqui na Espanha. A principal - e sobre qual vou falar nesse post - são as procissões, que acontecem por todo país.

Vi algumas procissões ao vivo na semana santa de 2013 em León, quando morava por lá. Esse ano o feriadão foi mais pra descansar, vimos um pouquinho pela TV e deu pra ter uma ideia de como são no resto do país.

KKK ou semana santa? Foto: dr_zoidberg

O primeiro que chama atenção nas procissões é o figurino. E o primeiro que passou na cabeça de todos os meus amigos brasileiros que viram alguma procissão aqui - e provavelmente na sua também ao ver a imagem acima - foi "peraí, mas isso não é a Ku Klux Kan?". Pois é. Saem grupos mascarados com aqueles capuzes pontudos e dá um pouco de medo... quando não estão com o chapéu pontudo, o capuz é estilo carrasco que vai cortar sua cabeça com um machado, o que não ameniza muito. Na verdade esses trajes são dos penitenciadores, que estão envergonhados pedindo perdão pela morte de Cristo. Buscamos relação da Ku Klux Kan com as procissões, porque certamente elas são mais antigas que o grupo extremista, e parece que não há nenhuma direta. Pelo que vimos na internet, a KKK começou usar esse traje porque contavam histórias de medo e esse capuz com ponta cumpre o propósito. Não conseguimos descobrir se foram inspirados na procissões espanholas ou não...

Carrascos ou semana santa? Foto: taringa

Outro grupo de destaque nas procissões são as manolas, mulheres que vão todas de preto, com aquele arco na cabeça típico espanhol, em luto pela morte de Cristo. Vai também uma banda tocando marchas fúnebres e, o mais importante, as imagens de cada confraria. São imagens enormes e impressionantes, que vão carregadas pelos devotos nos ombros e na cabeça. Conversei com um cara na semana passada que estava contando as horas para a semana santa, porque tinha passado 12 anos na fila de espera para ser um dos costaleros, que são aqueles que carregam as imagens enormes. 12 anos! Para os espanhóis devotos, acho que ser costalero é uma das maiores honras que poderiam ter e significa poder redimir seus pecados. É literalmente um fardo que chega a deixar marca no crânio de quem leva a imagem na cabeça...


Manolas. Foto: El Diario de León
Costaleros. Fotos: mirayvuela

Religiosidades à parte, aproveito também pra contar de uma profissão digamos que profana que vi também em León em 2013. Ela é bem famosa e atrai muita gente todo ano, principalmente universitários. É a procissão de "San Genarín", considerado pelos leoneses o padroeiro dos bêbados.

Genarín foi uma figura muito famosa em León nos anos 20, conhecido pela sua notória paixão pela boa vida, bebida, mulheres, bordéis e mais bebida. De acordo com a história que me contaram (e que consta no Wikipedia), Genarín morreu atropelado em 1929 pelo primeiro caminhão de lixo de León, enquanto fazia suas necessidades em uma caçamba de lixo. Para homenageá-lo, seus amigos decidiram se juntar na Plaza del Grano na cidade e beber e recitar poesias em sua homenagem. Com o tempo mais gente foi se juntando a eles até chegar no nível de uma procissão, que obviamente foi proibida na época da ditadura, voltando à ativa no final dos anos 70 com a democracia.

San Genarín. Foto: ileon
Procissão de San Genarín. Foto: leonocio

Vi na Wikipedia que ao Santo Genarín também são atribuídos 4 milagres (incrível isso haha): a redenção da prostituta que encontrou ele morto; um gol do time de León que não é lá grandes coisas; a "cura" de um doente renal que, ao mijar na mesma caçamba que Genarín, excretou a pedra que tinha nos rins; e a queda do ladrão que todos os anos roubava as oferendas ao "Santo", que acabou quebrando o quadril. Ri muito de todos.

Essa procissão eu vi ao vivo e é muito engraçada. É uma procissão com tudo que tem direito - devotos segurando velas, outros carregando imagens enormes e uma banda que toca músicas mais animadas que as tradicionais da semana santa. E, de acordo com a tradição, todo mundo bebendo em homenagem ao santo. Profano, mas hilário!

Seja qual significado a semana santa tenha pra vocês, espero que tenham tido uns bons dias de feriado e uma boa páscoa!

Muchos besos,

Sarah

sexta-feira, 27 de março de 2015

Empanadillas de atún

Esse post é especial para o meu pai, que adora cozinhar e tinha me pedido alguma receita daqui. E provavelmente será um pouco inesperado e estranho, porque quem me conhece sabe que eu sou A negação na cozinha. Conviver com um namorado que cozinha muito bem tem muitas vantagens, é claro, e aprendi um bucado de coisas com ele. Além disso, faço meu almoço todos os dias, então tenho que me virar se não quero comer congelado todos os dias. Até que não me estou saindo tão mal!

Essa receita foi uma "experimentação" sugerida pelo Ignacio, já que é um prato que se come muito por aqui na Galicia. Busquei na internet mais ou menos como fazia, comprei os ingredientes no supermercado embaixo de casa e, pra minha mais completa surpresa, fiz tudo so-zi-nha e ficou uma delícia na primeira tentativa! :D

Então vamos lá, as empanadillas de atún são pasteizinhos assados de atum com molho de tomate, bem famosas na região da Galícia, onde estou morando. É uma delícia e pode ser feito também na versão "empanada", que é tipo um empadão. Eu já fiz as duas versões com a mesma receita do recheio que vou passar aqui embaixo e é bem simples (claro, eu consegui fazer! rs).


A receita rende mais ou menos 30 pasteizinhos ou um empanadão bem caprichado. Para fazer ela eu uso:

  • Meia cebola grande 
  • Meio pimentão verde grande
  • Três tomates médios
  • 160g de atum enlatado (aqui usamos enlatado com azeite, mas acredito que possa ser em óleo também)
  • 300g de molho de tomate
  • Azeite
  • Massa para pastel 

As medidas que uso são essas porque os produtos aqui vem em porções diferentes, então coloquei o valor aproximado para vocês terem ideia. Acredito que usar mais ou menos de alguma coisa não faça muita diferença... até porque não segui exatamente as receitas que vi na internet, o importante é só saber que ingredientes usar e adequá-los ao seu gosto.

Primeiro eu pico a cebola em cubinhos e coloco em uma frigideira com um pouco de azeite em fogo médio. Enquanto isso, vou picando o pimentão também em cubinhos. Deixo a cebola dourar um pouquinho e acrescento o pimentão. Faço o mesmo esquema com o tomate: vou picando enquanto o pimentão cozinha um pouco, depois coloco tudo na frigideira. 

 


Deixo tudo cozinhar uns 5 minutos e, quando o tomate estiver se desfazendo e o pimentão mais suave (1ª foto abaixo), acrescento o atum e deixo esquentar um pouco, uns 3-5 minutos. Em seguida coloco o molho de tomate, mexo bem tudo por mais uns 2-3 minutos e está pronto o recheio.



Ah, o molho de tomate aqui é mais suave, eu diria que até mais doce que o do Brasil. Então talvez seria interessante acrescentar uma pitadinha de açúcar se forem usar o molho de tomate tradicional daí.

Tanto para fazer o empadão quanto os pasteizinhos, compro a massa já pronta. Para o empadão, é só colocar o recheio no meio da massa e fechar, fazendo um buraquinho em forma de cruz no meio, para o vapor do recheio sair. 

Para os pasteizinhos, a massa daqui me pareceu igualzinha à que a gente usa pra fazer pastel frito no Brasil. Coloco uma colher de sopa de recheio na massa, dobro ao meio e ajudo a fechar marcando com um garfo, como sempre vi fazer lá em casa no Brasil. Como o pastel é assado, é bom pincelar um pouco de ovo em cima para deixar ele dourado. Aí é só levar ao forno e retirar quando estiver dourado. 



Estou longe de ser uma Ana Maria Brega pra passar uma receita, mas acho que dá pra ter uma ideia de como fazer, não é mesmo? Aqui a gente come a empanada e os pasteizinhos no jantar ou de aperitivo nos bares, mas é uma ótima opção também pra um lanche da tarde.



Se alguém fizer depois me conta o que achou! :)

Besos,

Sarah

domingo, 15 de março de 2015

Ruínas

Desde que eu cheguei aqui no natal, o fim de semana passado foi um dos primeiros dias em que não morremos de frio por aqui. Fez um solzinho gostoso e as máximas chegaram a 20 graus! Então é claro que aproveitamos pra dar um passeio e exibir nosso bronzeado de inverno que brilha no sol.

Eu sou louca por lugares que tenham centenas de ano, especialmente se tem aquele ar de idade média... então a Europa é o paraíso! E sabendo disso, o Ignacio vive me levando a povoados com torres e casinhas medievais - o que tem em todo canto por aqui :) - e nesse fim de semana de tempo bom, resolveu me levar a umas ruínas de um monastério, que indicaram pra ele no trabalho.

Uma das torres que vimos, me sentindo em Game of Thrones

O monastério que visitamos fica em um vilarejo a uns 20 minutos daqui, ao lado de uma igreja (que tá inteira) e é enorme! A estrutura tá praticamente intacta, mas sem o teto e o piso original. Aliás, não ter piso dá um charme ao lugar, porque com a primavera chegando, tá cheio de florzinhas pela grama que tomou conta de lá. Lindo!




Como a estrutura tá bem inteira, deu pra gente ir entrando no que eram as salas/quartos do monastério e imaginar como seria a vida ali... fiquei pensando que se fosse criança ia amar ir ali brincar, procurar "tesouros" e ficar inventando histórias de coisas que teriam acontecido entre aquelas paredes. Se eu já fazia isso em parquinhos de areia com menos de 10 anos de história, imagina nesse lugar? Expressão não muito bonita, mas ia ficar igual pinto no lixo. Consigo até escutar a minha vó vai falar "você já deve ter morado nessas terras em vidas passadas, filha!" Beijos, vó!




Foi um passeio bem simples e pertinho daqui, mas saí de lá com os olhinhos brilhando. Fico pensando que se eu tivesse crescido por esses lados, talvez teria feito arqueologia... quem sabe quando eu for rica e aposentada não faço isso por hobbie?

Se alguém um dia estiver pela Galicia e quiser visitar, o Monastério do Bon Xesús de Trandeiras (olha o galego aí!) fica em Trandeiras, no concello de Xinzo de Limia.

Besos,

Sarah